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Colchas floridas criollas
Santiago del Estero é a cidade mais antiga da Argentina, fundada por espanhóis há 455 anos. É conhecida como “Madre de Ciudades”. Na região de Santiago del Estero mais de cem mil habitantes ainda falam o dialeto “Quechua”, herança direta dos Incas. Santiago del Estero sempre foi a fronteira entre o mundo andino ao norte, o“El Chaco”, e as serras. Com os espanhóis chegaram também os jesuítas que, em 1533, se instalaram em Santiago del Estero. Aproveitando a perícia textil das mulheres, organizaram uma pequena indústria de tapetes e colchas que continuou a existir mesmo depois de sua expulsão. ( expulsão dos jesuítas, é claro).
Ao final do século XIX, depois de 3 séculos de dominação espanhola, já sob bandeira argentina, a revolução industrial trouxe as linhas férreas ao então impenetrável Chaco. Os trens trouxeram as novidades do ocidente para as tecelãs. Influenciadas pelo orientalismo dos desenhos vitorianos, encheram de flores e curvas suas tradicionais colchas criollas de lã.
Com o passar do tempo aqueles desenhos diluíram-se e a arte das tecelãs praticamente desapareceu: chegou a fibra sintética e qualquer cobertor industrializado era considerado mais bacana. E assim os desenhos intricarados se tornaram artigos depreciados deixando de ser lembrança da casa familiar e se tornando vestígio de um mundo antigo e sem valor. Hoje ainda, você encontra nos fundões do Norte da Argentina, colchas criollas cobrindo galinheiros e aquecendo animais no estábulo.
Essa linda história é importante para que se entenda a beleza e raridade das sobrecolchas floridas criollas apresentadas na Loja do Bispo. Passa lá pra ver.
Texto baseado em texto de Ricardo Paz e Belen Carballo do livro "Teleras:memórias del monte Quichua"
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